7.11.14

Estudo mostra que 60% dos leitos das UTIs são ocupados por vítimas do trânsito


Acidentados lotam hospitais brasileiros

GUSTAVO RIBEIRO
Rio - De cada dez leitos de Unidades de Tratamento Intensivo (UTIs) no país, seis são ocupados por vítimas de acidentes de trânsito. E, destas internações, quatro são de motociclistas. A estimativa foi apresentada pelo diretor do Departamento de Medicina Ocupacional da Abramet (Associação Brasileira de Medicina de Tráfego), Dirceu Rodrigues, em palestra no 16º Etransport, congresso que discute, desde quarta-feira, no Riocentro, questões relacionadas à mobilidade urbana.
Os dados foram reunidos a partir de uma série de pesquisas acadêmicas, realizadas por programas de graduação e pós-graduação no país inteiro, com metodologias distintas. “A motocicleta está entrando fortemente no nosso cenário de trânsito, com 1 milhão de motos novas a cada ano, e é um veículo com um risco de utilização maior do que os demais”, ressalta o especialista em Medicina de Tráfego da Abramet, Fernando Moreira. 

Segundo ele, as UTIs do país todo estão sendo ocupadas por jovens do sexo masculino, em grande parte vítimas de acidentes de motocicleta, causando superlotação dos leitos de ortopedia e impedindo que pacientes com doenças crônicas tenham acesso ao atendimento adequado. 
Para reverter esse quadro, o especialista defende que os municípios devem investir não só em fiscalização, sinalização e ordenação do trânsito, mas principalmente no transporte público. “Privilegiar o transporte coletivo é forma importante de trazer mais qualidade para as grandes cidades, reduz o número de carros nas ruas e, consequentemente, o índice de acidentes”, frisou Moreira.
O professor Charles Thomas Scialfa, do Departamento de Psicologia da Calgary University, do Canadá, também participa do congresso, que termina hoje, e apontou que, em média, 40% das colisões são causadas porque motoristas não conseguem detectar fatores de risco que se aproximam do veículo. Ele sugere que, nos processos de habilitação do Brasil, sejam feitos testes de percepção do perigo. “Nestes testes, que podem ser feitos em 15 minutos no computador, as pessoas têm de apontar onde estão os riscos em um simulador”, explicou Scialfa.

QUEDA DE 50% NAS MORTES

Para o diretor da Abramet, Dirceu Rodrigues, os corredores exclusivos para ônibus, tendência na reordenação de centros urbanos no mundo, representam um importante passo para reduzir em 50% o número de vítimas fatais em acidentes viários, como determina a meta da Organização das Nações Unidas. “O BRT tem uma série de diferenciais positivos: reduz o volume de veículos nas ruas; isola os veículos leves dos pesados, tirando as motos e bicicletas da mesma faixa de circulação dos ônibus”, avaliou Rodrigues.
A gerente de Projetos de Transporte da Embarq Brasil (ONG que estuda o tema), Brenda Medeiros, reforça o coro sobre os benefícios do BRT. Entretanto, ela cobra mudanças para evitar acidentes fatais nos corredores de ônibus, como a redução da velocidade média para 50 km/h (a velocidade no Rio chega a até 70 km/h) e uma integração total das estações com passarelas nos acessos a outros modais, como metrô e bicicletas. Ela sugere ainda colocar plantas nos gradis dos corredores para evitar ações de vândalos.


Fonte: http://odia.ig.com.br/noticia/rio-de-janeiro/2014-11-06/estudo-mostra-que-60-dos-leitos-das-utis-sao-ocupados-por-vitimas-do-transito.html

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