17.11.11

Entrevista do nosso Diretor Mauro Cezar ao jornal DIÁRIO DE SANTA MARIA -RS

TRÂNSITO

Evite os 7 pecados dos pedestres

Conheça as principais transgressões de quem anda a pé e não caia em tentação em relação às regras do trânsito

A campanha Viva a Faixa!, Com Respeito a Vida é Mais Bonita completa hoje 4 meses. Algumas metas da iniciativa já foram conquistadas, como uma sensível melhora no entendimento entre pedestres e motoristas diante da faixa de segurança, no trânsito do dia a dia. Mas, ao mesmo tempo, novos desafios aparecem.

Para marcar o aniversário da campanha, o Diário foi às ruas na terça-feira passada e identificou os sete principais pecados contra a segurança (confira quais são eles nos textos) que os pedestres continuam cometendo ao atravessar ruas em Santa Maria. Para ajudar a entender as atitudes que comprometem o bom fluxo do trânsito, o responsável pela Companhia de Engenharia de Tráfego do Rio de Janeiro (CETRio), Mauro Cezar de Freitas Ferreira, que trabalha pela conscientização de pedestres e motoristas cariocas, comenta cada um dos sete erros que o pedestre continua cometendo em Santa Maria.

O que se vê, depois de algum tempo de campanha de conscientização, é que, cada vez mais, motoristas param diante das faixas de segurança para dar preferência a quem está a pé. Mas quem está atrás do volante guarda uma reclamação: o pedestre nem sempre respeita o espaço que lhe é devido nas ruas e, por vezes, parece querer ?atropelar? os carros, não dando ao motorista o tempo necessário para reagir a sua presença na rua e frear o carro.

Na opinião de Ferreira, todas as pessoas são, em primeiro lugar, pedestres, desde que aprendem a caminhar. Daí a importância de cada um saber seu papel no trânsito, seja a pé, seja de carro. De acordo com ele, assim como os veículos não devem subir nas calçadas, nos canteiros centrais das avenidas ou nas praças, porque esse espaço não é destinado a eles, o pedestre também tem o seu território seguro: a calçada e, quando for necessário passar para o outro lado da rua, a faixa de segurança.

? A faixa é o local identificado pela engenharia como o mais seguro para a travessia. Também é onde os motoristas identificam como o local apropriado para pedestres. Ao sairmos dela, aumentamos o risco ? explica Ferreira.

Pressa ? O mesmo argumento dado por motoristas que não dão a preferência para a travessia de pedestres na faixa é a explicação que os mesmos pedestres dão para quando atravessam a rua em qualquer lugar: a pressa.

? Eu vi que o sinal fechou na sinaleira e me arrisquei pelo meio dos carros. Sei que é errado, mas hoje estou com pressa ? explicou Fátima Sarturi, 52 anos, que é babá em Santiago e, na terça-feira, atravessou a Rua do Acampamento no meio da quadra, entre as ruas Tuiuti e Pinheiro Machado.

? Eu costumo cuidar, sou a favor da campanha. Até já fui atropelada uma vez e, depois disso, prefiro sempre atravessar na faixa. Mas hoje andava com pressa e passei aqui, no meio da quadra ? justificou a secretária Letícia Fogliato, 23 anos, após atravessar a Avenida Presidente Vargas, próximo à esquina com a Serafim Valandro, a poucos metros de duas faixas de segurança.





A entrevista na integra:


Ser pedestre é a condição natural do ser humano e caminhar é o primeiro meio de transporte que utilizamos em nossas vidas. Ao aprender a andar na infância não temos idéia do quão importante será tal atividade.
Espero que minhas respostas contribuam para sua reportagem.

1º) Atravessar a rua a poucos metros de uma faixa de segurança, mas fora dela. Além de o pedestre perder a preferência em relação aos carros, que outras consequências para o trânsito essa prática pode ter?
R – A primeira conseqüência é a maior exposição ao risco de acidentes, mas, quando deixamos de respeitar as regras, também deixamos de ser respeitados. O pedestre que ignora semáforos ou faixas de pedestres está esquecendo que é parte do trânsito.
Além de se colocar em risco e atrapalhar a circulação, não ser educado faz diminuir o respeito aos pedestres.

2º) Começar a travessia de repente, sem esperar que os carros parem para o pedestre passar.
R – É algo que não se deve fazer, pois o motorista tem um tempo de reação para perceber a presença do pedestre e agir. Este tempo, somado à velocidade resulta numa distância que nem sempre é suficiente para garantir a segurança do pedestre.
O ideal é que o pedestre aguarde no passeio até que todos os veículos da primeira fila parem antes de iniciar a travessia.

3º) O pedestre espera que os carros parem já fora da calçada, no meio da rua.
R – É um risco desnecessário, pois o local apropriado e mais seguro para o pedestre é o passeio e ele só deve pisar na pista de rolamento no momento em que iniciar a travessia – com os veículos já parados, ou na ausência deles.
Sempre existe a possibilidade de o motorista ter que desviar de algum obstáculo, como um buraco, ou mesmo outro veículo na contra mão atingir o pedestre.

4º) O pedestre está aguardando a sua vez, mas se distrai, não está atento ao trânsito e não percebe quando os carros fazem fila para que ele passe.
R – O pedestre deve estar sempre atento ao trânsito. O desrespeito do pedestre aos motoristas pode gerar o descaso dos motoristas para com os pedestres.

5º) O pedestre não faz uma linha reta até o outro lado da rua, mas anda na diagonal, saindo do espaço da faixa de segurança.
R – geralmente o pedestre segue a linha do desejo, ou caminho natural, que é a menor distância entre o ponto em que ele está e seu objetivo final, tentando passar pela menor quantidade possível de obstáculos ou desníveis – sempre procura o caminho mais curto e mais rápido. Mas nem sempre esse é o caminho mais seguro, pois, se o ponto que queremos acessar não está bem na nossa frente e atravessamos a rua na diagonal para seguirmos uma linha reta até o destino final, estamos nos expondo mais ao risco, permanecendo mais tempo na pista de rolamento do que se atravessássemos perpendicularmente.
A faixa é local identificado pela engenharia como o mais seguro para executarmos a travessia. Também é onde os motoristas identificam como o local apropriado para os pedestres. Ao sairmos dela, aumentamos o risco.
O problema é que muitos projetos de circulação não levam em conta o pedestre, priorizando o automóvel, então o caminho previsto para seguirmos a pé, que é o mais seguro, nem sempre é o caminho natural ou a linha do desejo. Infelizmente o pedestre prioriza a menor distância em detrimento da segurança e os projetistas em muitos casos ignoram o pedestre, ou priorizam os veículos, deixando para o pedestre o caminho que menos interfira no fluxo de veículos. Temos aí uma soma de fatores que ajuda a explicar o número de atropelamentos em nosso país.

6º) Os passantes formam uma fila indiana para atravessar a rua, caminham muito devagar ou deixam com que crianças pequenas passem sozinhas, correndo. Em locais de grande fluxo de pedestres, não seria melhor que houvesse a formação de grupos para a travessia?
R – O ideal é que nos locais com grande circulação de pedestres seja implantada uma travessia semaforizada alternando o direito de passagem de forma a que nem o pedestre nem o nem o fluxo de veículos seja prejudicado.

7º) No local, existem faixa de segurança e semáforo para veículos, mas o pedestre atravessa sem respeitar o semáforo. Qual das duas sinalizações tem a preferência?
R – O semáforo é implantado onde há a necessidade de se alternar as prioridades e é ele que determina de quem é a preferência. Ainda assim, os motoristas devem aguardar que os pedestres terminem a travessia, mesmo que o sinal abra para os veículos.




Foto tirada durante o 18º Congresso da ANTP realizado na cidade do Rio de Janeiro. Com Carlos José Antônio, Dr em Mobilidade Urbana, e Ronaldo Gomes Ambos professores da Universidade Federal de Santa Maria,  nosso diretor e nossa coordenadora Sheila Castro. A convite deles que foi dada a entrevista acima.





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